reportagem especial

Na Penitenciária, na escola e no hospital, Mãe Medianeira leva mensagem de fé

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

Peregrinar, incluir e se fazer presente entre e mulheres em diversas cidades do Brasil e até do Mundo é o que faz a fé em Nossa Senhora Medianeira se popularizar a cada ano. Em Romaria, todos os novembros, assim como essa 76ª edição, milhares de devotos devem seguir em procissão a caminho do Santuário Basílica.

Neste ano, o tema "Com Maria às pressas em missão", convoca à urgente reflexão às questões ambientais. A escolha teve por base o Sínodo Pan-Amazônico, realizado em outubro, quando o Papa Francisco discutiu recentes desastres na Amazônia e novos caminhos para a Igreja. No Coração do Rio Grande, o debate deve ser compartilhado por todos por meio ações práticas, segundo menciona o vigário-geral da Arquidiocese de Santa Maria e coordenador da Romaria Padre Ruben Natal Dotto:

- Nessa procissão, não podemos chegar ao final com lixo jogado no chão e com toda aquela sujeira. Vamos reforçar isso no microfone, valorizar nosso tema tão discutido no Sínodo e contarmos com o bom exemplo dos romeiros.

A Secretaria de Meio Ambiente informou colocar 14 contêineres a mais na Avenida Medianeira para recolhimento de lixo.

Ainda norteados na ideia expressa de "caminhar junto" e ressignificar a peregrinação da Mãe Medianeira, o lema: "Ó vem conosco, vem caminhar, Santa Maria, vem!", se deu, segundo padre Dotto, para que a devoção seja ainda mais difundida na cidade e para que todos tenham alcance, além das Igrejas e missas que antecedem a Romaria durante a trezena móvel.

Nesta reportagem, acompanhamos alguns dos locais por onde a imagem passou e mensagem de fé compartilhada em um hospital, uma escola e uma penitenciária.

NO HOSPITAL, MEDIANEIRA LEVA ESPERANÇA E MENSAGEM DE VIDA

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Renan Mattos (Diário)

Internada há uma semana, Juventina Marta dos Santos Azzolin, 73 anos, saiu para caminhar no corredor do hospital junto da filha quando soube que uma missa à Nossa Senhora da Medianeira ocorria na capela, a poucos metros do quarto onde estava. A aposentada entrou, rezou por alguns minutos e retornou ao leito. Foi suficiente para agradecer e renovar a fé. 

- Foi um chamamento. Eu ia passando e chegamos na Igreja. Sou muito devota a ela e sempre tive minhas graças alcançadas - conta a paciente que se recuperava de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) Transitório.

Em anos anteriores, ela não perdia nenhuma Romaria. Nas procissões contava com a companhia da filha Gisela Azzolin Ribas, 47 anos, e do marido Ireno, que faleceu em 2009.

- Começou com ele, que era muito fiel à Medianeira. Ano passado, não fui e, neste ano, também não vou conseguir ir mas, nem casa temos a imagem dela e, aqui, o "santinho" com a oração. Me fez muito bem saber que ela passou por aqui - diz Juventina.

Inácio de Pellegrin, Diácono da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, de onde a imagem saiu na tarde da última segunda-feira, em direção ao Caridade, diz que ida de Medianeira em ambiente hospitalar é um amparo. Há décadas, ela percorre hospitais da cidade para marcar sua presença de mãe: 

- Anos atrás era muito bonito ver ela passando nos quartos, mas por questões internas, hoje, ela só fica na capela do hospital. Muitos pacientes ou familiares de quem está internado vão até ela durante a Missa Santa. A Medianeira é aquela que media, é o nosso elo com Jesus e o Deus pai. Ela é Mãe, e mãe é aquela que sempre nos conforta e nos socorre. Aos doentes, ela renova as forças e leva mensagem de vida, esperança e amparo.

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Foto: Renan Mattos (Diário)

NA ESCOLA, ELA ABENÇOA E CONDUZ AOS MELHORES CAMINHOS data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Foi em tom festivo que crianças e adolescentes da Escola Municipal Pão dos Pobres, receberam a visita de Medianeira de Todas as Graças em duas ocasiões na última quinta-feira, no turno da manhã e da tarde. Aplausos, oração coletiva e uma conversa informal com Ivo Catani, padre da Paróquia São José do Patrocínio reiteraram mensagem de luz da peregrina.

- Neste mundo cheio de desafios é muito importante que as crianças e os jovens encontrem força e nunca abandonem a parte espiritual. A Mãe Medianeira abençoa os caminhos da educação, da cultura e da vida de cada aluno e de cada professor- diz o padre.


No local, além da escola que conta com cerca de 600 estudantes, funciona desde 1950 uma instituição social e filantrópica coordenada pela congregação Servos da Caridade. No contraturno das aulas, 110 alunos são assistidos com atividades culturais, oficinas de saúde, higiene e educação em geral. Conforme o Irmão Ademir Inácio Marin, um dos responsáveis pelo trabalho assistencial, o momento proporcionado com a imagem de Medianeira reforça os propósitos e a formação humana do Pão dos Pobres:

- É algo tão grandioso, pois muitas de nossas crianças tem diversas vulnerabilidades, nunca tiveram oportunidade de ter contato com a Medianeira, nem ouviram falar em Romaria. É uma espécie de catequese. A gente só agradece a Deus por esse contato. E isso faz parte do nosso trabalho incentivar o respeito, o amor e a espiritualidade, seja ela qual for.

NA PENITENCIÁRIA, A MÃE QUE ABRAÇA TODOS OS FILHOS data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Foto: Renan Mattos (Diário)

Quando a imagem de Nossa Senhora Medianeira passou a visitar a Penitenciária Estadual de Santa Marisa (Pesm), no Distrito de Santo Antão, há sete anos, pessoas da própria comunidade questionaram se a segurança de quem a levaria aos apenados não estaria ameaçada.

- O pessoal tinha um certo medo. O preconceito existe até hoje por muita gente, mas isso, de levar ela, (Medianeira) no presídio só faz bem para todo mundo. É muito bonita essa iniciativa da Paróquia do Rosário e acredito ser uma missão estarmos aqui- disse uma mulher que acompanhou a visita na casa prisional na última quarta-feira e que não quis ter o nome identificado.

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Percorrendo as galerias, a imagem era tocada pela maioria dos detentos. De mãos dadas, os missionários do lado de fora e os presos do lado de dentro das celas rezavam o Pai Nosso em uníssono. Terços eram distribuídos e pedidos eram feitos em voz alta. Alguns ousavam pedir pelo próprio time (Grêmio ou Inter), outros por saúde. Mas, a maioria, pedia por liberdade e confessava arrependimento diante da Mãe Peregrina.

- Então, peça a ela para que tu saias e tenha uma vida diferente, que não volte a fazer coisas erradas. Ela é mãe, vai te perdoar e te proteger, tenha fé - disse uma senhora conversando brevemente com um detento.


A metros dali, a aposentada Elenir Borin, 61 anos, fazia suas orações de longe. Ela diz não "conseguir" se aproximar

- Entro no presídio, mas não na parte das galerias. Me dá uma coisa ir até lá, fico muito triste. Vir até aqui já um aprendizado do que não fazer e do quanto não podemos julgar ninguém. Todos somos filhos Deus, não é? Para mim, isso uma lição de vida. Cada vez que venho, me emociono.

Anderson Prochnow, delegado penitenciário regional, afirma que atitudes como essa que "leva a Romaria" ao presídio impacta na rotina do local:

- O apoio religioso e espiritual é muito importante ali onde as pessoas estão reclusas, cumprindo o que preconiza na lei. Isso serve para diminuir a tensão do ambiente prisional, traz um apoio emocional para os apenados e os servidores penitenciários que trabalham em um local que por si só já é tenso.

"SAIO DAQUI UMA PESSOA MELHOR"
Mesmo um tanto contrariada pela família, que se preocupa a cada visita de Odete Villanova Borin, 70 anos, à Pesm, ela insiste em ir. A idosa acredita que a mensagem de Nossa Senhora faz com que os presos reflitam. Particularmente, sente-se encorajada por pequenos gestos, como o de dois detentos que deixaram o cárcere e a procuraram para agradecer.

- Um eu já conhecia desde que ele era criança. Ele veio na minha casa, lembrando que fui visitá-lo quando ninguém ia. O outro encontrei na rua, ele me reconheceu e agradeceu. Por isso, acho que a oração é conforto. Sou até analfabeta, mas rezo o terço todos os dias. Para mim, é uma graça estar aqui, tem um motivo. Saio daqui uma pessoa melhor. Não sei o que eles fizeram, mas meu coração me manda aqui. É sinal que alguém olha por eles: a Nossa Senhora, que é mãe, e a gente, todo ano.

O chefe de Segurança da Pesm, Neinalvo Zanatta, acrescenta que todo novembro os presos esperam pela vinda da imagem e pela visita dos missionários:

- Eles gostam muito. . O pessoal fica receoso quando se fala em presídio, em fazer alguma ação positiva. Mas tudo é bem-vindo e só agrega no dia adia.

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